Bará

Gustavo Nazareno, Desenho em carvão (detalhe)

Mostra individual do artista mineiro Gustavo Nazareno, que homenageia o orixá Exu, marca a nova temporada do Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, após o falecimento do fundador e diretor curador da instituição.


Datas: Maio de 2023 até XXXXX de 2024

Visitação: de terça à domingo, das 10h às 17h (permanência até às 18h)

Abertura: dia 13 de maio, às 11h


O Museu Afro Brasil Emanoel Araujo, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, inaugura o Programa de Exposições 2023 com a mostra Bará, do artista mineiro Gustavo Nazareno, sua primeira individual em uma grande instituição paulistana. A realização tem destaque no primeiro conjunto de exposições temporárias após o falecimento do fundador e diretor curador da instituição, Emanoel Araujo, com quem a exposição foi firmada pessoalmente em 2021. “O projeto ganha especial importância, principalmente para todas as equipes do museu, pela responsabilidade em honrar os padrões deixados por Emanoel durante os 18 anos em que idealizou e dirigiu o espaço cultural, tornando-o emblemático para a cidade e para o Brasil”, destaca Claudio Nakai, coordenador do Programa de Exposições da instituição.

Com curadoria de Deri Andrade, pesquisador e curador convidado, o conjunto composto por cerca de 150 trabalhos, entre pinturas a óleo sobre linho e desenhos em carvão, reflete a pesquisa à qual o artista tem se dedicado nos últimos anos. Em 2019 Nazareno concebeu a série de desenhos em carvão denominada Bará, como uma cerimônia em forma de oferenda para uma qualidade de Exu – Elegbara. Partindo das suas inspirações por contos de fada, fabulação e sua fé em Exu, o artista propõe, através dos desenhos, “uma fábula que percorre o dia em que esta cerimônia aconteceu, uma segunda-feira, dentro de um mundo criado para o Orixá”. O artista propõe que “o visitante se torna um convidado neste mundo que crio, passando pelas fases do dia e características do espaço retratadas em pintura e desenhos em carvão”.

Deri Andrade observa que as bases desta mostra são a técnica particular em pintura e desenho de Nazareno, que parte de um referencial renascentista e o seu interesse pelas epistemologias dos Orixás. “Para além de uma questão religiosa, Gustavo Nazareno imagina imagens que contam uma história a partir das fábulas que escreve, tendo como ponto de partida referenciar essas entidades, com respeito e muita beleza, construindo uma nova imagética para elas”, conclui o curador.

Sobre o artista

Gustavo Nazareno, (1994, Três Pontas/MG). Vive e trabalha em São Paulo. Autodidata, o artista vem desenvolvendo uma pesquisa pictórica e imagética que percorre os ritos ancestrais africanos e a mitologia dos orixás. Em sua produção, carregada de nuances que extrapolam os temas para além da questão religiosa, o panteão iorubá é reverenciado como uma força epistemológica, de conhecimentos ancestrais e de mistérios. As figuras, ou as paisagens, como vem explorando em sua recente produção, são contemplativas e repletas de histórias pessoais, por meio de fábulas que cria para guiar os traços vistos nas obras. Entre suas exposições individuais destacam-se: Fables on Exu, Gallery 1957, 2021, (Londres, Reino Unido); Notas pessoais de fé, Cassina Projects, 2022, (Milão, Itália) e Pombajira, Selma Feriani Gallery, 2023 (Tunes, Tunísia). Participou também das seguintes exposições coletivas:Collective Reflections: Contemporary African & Diasporic Expressions Of A New Vanguard, Gallery 1957, 2020, (Acra, Gana); Eye of the Collector, Gallery 1957, Art Fair London, 2021 (Londres, Reino Unido); Outros Ensaios para o Tempo, Galeria Nara Roesler, 2021 (São Paulo, Brasil); Group Show, i8 Gallery, 2021 (Reykjavik, Islândia); Quilombo: vida, problemas e aspirações do negro, Galeria Lago, Inhotim, 2022 (Brumadinho, Brasil); Between Nothingness and Infinity, Cornell Biennial at Johnson Museum, 2022, Nova Iorque, Estados Unidos) eThe Storytellers, Gallery 1957, 2022 (Londres, Reino Unido).

Sobre o curador

Deri Andrade é pesquisador, curador e jornalista. Mestrando em Estética e História da Arte (Universidade de São Paulo – USP), especialista em Cultura, Educação e Relações Étnico-raciais (CELACC – Centro de Estudos Latino-Americanos sobre Cultura e Comunicação – USP) e formado em Comunicação Social: Habilitação em Jornalismo (Centro Universitário Tiradentes – Unit). Curou exposições individuais e coletivas no Brasil e em países como Inglaterra e Itália. Interessa-se por arte contemporânea, com foco nas poéticas de artistas negros/as/es e desenvolveu a plataforma Projeto Afro, resultado de um mapeamento de artistas negros/as/es em âmbito nacional. Tem passagens por instituições culturais, como o Museu de Arte Moderna de São Paulo, a Unibes Cultural e o Instituto Brincante. Atualmente é curador assistente no Instituto Inhotim.


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